Os termos “pós-humano” e “pós-humanismo” correspondem a conceitos com diversas interpretações e acepções, por vezes contraditórias, e que continuam em permanente debate. Filósofos e académicos como Delanda, Latour, Haraway, entre outros, sendo frequentemente chamados de “pós-humanistas” demarcam-se oficialmente deste rótulo (Wolfe, 2010, p. xi).
O discurso “pós-humano” é no âmbito da investigação entendido como um conceito que parte de dois ramos genealógicos: o “pós-humanismo”, que implica uma crítica aos valores humanistas do Renascimento e do Iluminismo, e o “pós-antropocentrismo”, que questiona o excepcionalismo humano enquanto espécie, num desapego do anthropos (Braidotti, 2016; Wolfe, 2010).
A perspectiva filosófica pós-antropocêntrica e pós-humanista emerge de uma constelação de diversos contributos que remontam à provocação pós-estruturalista de Foucault quando anuncia o “fim do homem” (1994, p. 387). Os plateaus de Deleuze & Guatari (2005) com a sua proposta de uma filosofia rizomática e nomádica, questionam as estruturas aborescentes da tradição humanista, tornando-se numa referência transversal nas subsequentes conversas sobre o mais-que-humano.